Smartwagons

Desempenhando o transporte ferroviário um papel muito relevante na concretização dos objetivos delineados no âmbito do Pacto Ecológico Europeu, nomeadamente na promoção de modos de transporte respeitadores do ambiente e no alcance da neutralidade carbónica até 2050, é fundamental continuar a apostar na capacitação e desenvolvimento do sector ferroviário europeu e nacional. A utilização deste meio de transporte continua a ser reduzida, sendo que apenas 11% das mercadorias são transportadas através da rede ferroviária. Infraestruturas obsoletas, modelos de negócio ultrapassados e elevados custos de manutenção são alguns dos obstáculos identificados pela EU e que deverão ser ultrapassados para construir um espaço ferroviário europeu unificado.

 

Cerca de 1,5 mil milhões de toneladas/Km de mercadorias são atualmente transportadas na Europa por camião a distâncias superiores a 150 km, por oposição aos 0,4 mil milhões de ton/km (20%) transportados por comboio, o que acarreta custos ambientais muito significativos. Uma parte significativa do transporte rodoviário de mercadorias deverá ser transferido para o ferroviário. Para tal, será fundamental que os comboios de mercadorias, baixem os seus custos e melhorem significativamente a qualidade do transporte. Deste modo, padrões de qualidade como fiabilidade, flexibilidade, disponibilidade, segurança e proteção da carga, pontualidade, customização, comercialização, rastreabilidade, complementação de serviços e tempo de transporte, entre outros, terão que ser melhorados pelos operadores ferroviários. O transporte ferroviário tem, assim, o desafio de se tornar excelente e ganhar reputação. Muitas são as ações para aumentar a qualidade do transporte ferroviário de mercadorias; uma delas é a melhoria da atual frota de vagões para melhorar a disponibilidade, flexibilidade, comercialização, velocidade comercial, segurança da carga e custo. Estas melhorias devem responder às tendências reais da procura de transporte e estar em consonância com as atualizações de infraestrutura necessárias.

 

Promover a descarbonização da economia exige, assim, uma aposta muito significativa no transporte ferroviário. No entanto, constata-se a ausência de fornecedores portugueses de material circulante, incluindo de transporte de mercadorias, obrigando a aquisição de soluções no mercado internacional (importações), com prazos de entrega longos (especificidade da bitola ibérica) contribuindo para o deficit da balança comercial. O desinvestimento das últimas décadas no setor ferroviário levou a uma perda de know-how na área do projeto e na capacidade de fabrico de material circulante e uma infraestrutura ferroviária deficitária que necessita atualmente de investimentos muito significativos. Importará assim promover um conjunto de iniciativas estruturantes que permitam dotar Portugal da capacidade tecnológica, industrial e empresarial do setor ferroviário permitindo diminuir as importações e apresentar ao mercado ferroviário global soluções de elevado valor acrescentado.

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As soluções existentes no mercado para o transporte ferroviário de mercadorias são na maior parte dos casos soluções já com várias dezenas de anos, com um reduzido nível de incorporação de conhecimento e novas tecnologias. Deste modo, a possibilidade de produção nacional de um produto diferenciador para o transporte de mercadorias, com alta incorporação tecnologia, repensando os materiais e respetivos processos de fabrico, visando a sua maior sustentabilidade, consubstancia a ideia disruptiva da Agenda SMART WAGONS. Esta iniciativa, estruturante para a economia portuguesa, visa modernizar e simplificar as operações de transporte de mercadorias, aumentar a fiabilidade dos ativos, reduzindo custos de operação através da monitorização em tempo real dos movimentos de mercadorias e permitindo filosofias de manutenção preditiva. As iniciativas a promover permitirão criar as bases necessárias para a produção e comercialização de smart wagons para a indústria do transporte ferroviário de mercadorias.